quarta-feira, 30 de abril de 2014

Carência afetiva


A pessoa que está na carência afetiva, na falta, não percebe isso. Nós vamos chamá-la de Elvira.
A Elvira sente uma necessidade muito grande de amar e ser amada, e se agarra a qualquer coisa que apareça. Seja um amigo atencioso, uma pessoa interessada afetivamente, um familiar, pessoas no trabalho, a pessoa que está sentada ao lado, no metro. Ela não está necessitada só de romance. Ela está tentando agarrar qualquer migalha de sentimento bom que apareça. E por mais que a gente tente ajudar, tente suprir essa falta, chega uma hora que ela agarra tanto que a gente sai correndo, não atende telefone, bloqueia, faz de conta que não a viu na rua.

A Elvira faz um monte de coisas pelos outros. Ela tenta conquistar o amor e a atenção se desdobrando, no empenho, na vontade de ajudar, participando tão ativamente da nossa vida que a gente não entende aonde ela quer chegar. No exagero.
A Elvira está tão preocupada em agradar os outros que não percebe que está chata. E ainda reclama das pessoas ingratas que não reconhecem tudo o que ela faz.
A Elvira só olha para fora. Só pensa nos outros. Está tão preocupada em agradar, que se esqueceu dela mesma. 
Elvira do céu, acorda! Chega de correr atrás de atenção. Chega de empenhar-se tanto por migalhas de afeto. Olhe-se no espelho. Tem um ser ai dentro de você gritando por carinho e atenção. E você pode ter certeza que, ao prestar atenção nesse ser ai, ele vai te retribuir com tudo aquilo que você tem implorado para as outras pessoas.
Quando olhar para você mesma, vai entender que está se machucando por bobagem. Ninguém quer que você faça nada. A não seu alguns aproveitadores. Mas a maioria das pessoas só deseja a sua companhia, alegre, divertida, como sempre foi. Quando olhar para você de novo, vai ver que deixou de fazer muitas coisas que gostava, que esta relaxada com seu físico, com sua casa, com as suas coisas. Você se abandonou.

Já está na hora de parar de olhar para fora e olhar para dentro. Fazer muitas e muitas coisas por essa pessoinha ai que está esquecida há muito tempo. Agradá-la, mimá-la, fazer todas as coisas que ela tanto gosta. A partir de hoje você escolhe agradar quem realmente merece a sua atenção, o seu amor, o seu apoio incondicional: você mesma. E quando estiver realmente nesse estado de “eu me amo, eu me adoro, eu não vivo sem mim”, pode ter certeza que as pessoas vão se aproximar, vão sentir-se bem ao seu lado, sem a necessidade de você ter que correr e se esforçar para agradá-las.
Eu gostaria que cada Elvira que está lendo esse texto refletisse sobre isso. Quantas migalhas você anda aceitando? Se as pessoas não estão retribuindo tudo quilo que você sente e faz, talvez esteja na hora de olhar-se no espelho e falar: pode deixar que eu cuidarei do jeito que você merece.
Esse texto foi para uma Elvira em especial, que está esgotada de tanto fazer pelos outros. 
Torço por você, minha querida, e por todas as Elviras que estarão conversando seriamente com seus espelhos a partir de hoje.


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