Não há nada que mais me alegra do que postar valorosos sentimentos de poetas consagrados ou não, pois as palavras vem da alma de quem as escreve, e devem ser recebidas com muito carinho por aqueles que as leem, observam-nas e nelas meditam.
Na verdade, somos seres completos em nós mesmos, basta apenas descobrirmos isso. No entanto, temos uma necessidade da complexidade completa que o outro nos proporciona, e "Cisnes Brancos" é isso:
Poema rico, agudo e de beleza imensurável, pois os versos tratam de amor, morte e religiosidade, mistério de difícil acesso à alma que ainda não se vê preparada para desnudá-lo...
Visto que, a tristeza profunda que Alphonsus de Guimaraens expressava em suas obras dá-se pela perda de sua noiva Constança... amor dos amores... que através de sua morte o influenciou a escrever dessa maneira...
Assim, Alphonsus de Guimaraens com maestria, utiliza metáforas (Cisnes Brancos) que simbolizam a monogamia do amor!!!
Cisnes Brancos
Ó cisnes brancos, cisnes brancos,
Porque viestes, se era tão tarde?
O sol não beija mais os flancos
Da Montanha onde mora a tarde.
Ó cisnes brancos, dolorida
Minh’alma sente dores novas.
Cheguei à terra prometida:
É um deserto cheio de covas.
Voai para outras risonhas plagas,
Cisnes brancos! Sede felizes...
Deixai-me só com as minhas chagas,
E só com as minhas cicatrizes.
Venham as aves agoireiras,
De risada que esfria os ossos...
Minh’alma, cheia de caveiras,
Está branca de padre-nossos.
Queimando a carne como brasas,
Venham as tentações daninhas,
Que eu lhes porei, bem sob asas,
A alma cheia de ladainhas.
Ó cisnes brancos, cisnes brancos,
Doce afago da alva plumagem!
Minh’alma morre aos solavancos
Nesta medonha carruagem...
Quando chegaste, os violoncelos
Que andam no ar cantaram no hinos.
Estrelaram-se todos os castelos,
E até nas nuvens repicaram sinos.
Foram-se as brancas horas sem rumo,
Tanto sonhadas! Ainda, ainda
Hoje os meus pobres versos perfumo
Com os beijos santos da tua vinda.
Quando te foste, estalaram cordas
Nos violoncelos e nas harpas...
E anjos disseram: — Não mais acordas,
Lírio nascido nas escarpas!
Sinos dobraram no céu e escuto
Dobres eternos na minha ermida.
E os pobres versos ainda hoje enluto
Com os beijos santos da despedida.
Alphonsus de Guimaraens
Imagem: Internet
O cisne-branco (Cygnus olor) é uma espécie de cisne nativa da Eurásia. É uma ave não migratória, mas foi introduzida na América do Norte e noutras regiões como animal ornamental de jardins. Pertence à família Anatidae, à qual também pertencem os patos e gansos.
2 comentários:
Beleza de poesia escolhida!!! bjs praianos, chica e tudo de bom!
Obrigada Chica!!!
Bjsssssss
Postar um comentário